Uma investigação colaborativa de meses conduzida pelos veículos de comunicação alemães DER SPIEGEL, ZDF e Deutsche Welle desvendou uma rede internacional de tráfico de órgãos que explora pessoas em situação de pobreza no Quênia e em nações do Cáucaso para fornecer rins a pacientes na Alemanha e Israel. As transações ocorrem principalmente no Mediheal Hospital, em Eldoret, Quênia, por valores que chegam a centenas de milhares de euros, enquanto os doadores recebem apenas uma fração minúscula, muitas vezes bem abaixo do prometido.
O Desespero Leva ao Exterior
A história de Sabine Fischer-Kugler, uma administradora de 57 anos da Baviera, Alemanha, ilustra o drama dos pacientes em lista de espera. Após quase 30 anos, seu primeiro rim doado começou a falhar em maio de 2022. Com os níveis de creatinina subindo drasticamente, ela voltou à diálise três vezes por semana, cinco horas por sessão. Em um país onde a lista de espera por um transplante pode levar anos e há mais de 10.000 pessoas aguardando um rim, a desesperança a levou a buscar alternativas no exterior.
“Por que não procurar no exterior? O principal é que tenho um rim de novo e não preciso mais fazer diálise”, diz Fischer-Kugler seis semanas após sua cirurgia em 4 de fevereiro. Seu novo rim, transplantado no Quênia, veio de um jovem do Cáucaso. Ela pagou uma quantia de seis dígitos, na casa dos 200.000 euros, à agência intermediária. Questionada sobre a parte que o doador deveria receber, ela disse: “Esperaria que ele tivesse recebido um quarto do que paguei”, chocando-se ao saber que quenianos geralmente recebem apenas cerca de 2.000 euros.
Outros pacientes entrevistados na investigação, hospedados no Eka Hotel Eldoret enquanto aguardavam ou se recuperavam, também confirmaram o pagamento. Uma russa disse que “Ninguém entrega seu rim de graça”. Um israelense de 72 anos em diálise, que não teria chance de receber um rim em Israel devido à idade, admitiu que a situação é “um pouco suspeita”, mas justificada pelo desespero. Ele e outros usavam a “história” de que o doador era um “primo antigo” que coincidentemente estava na África Oriental.
A Rede Sombria da MedLead
Por trás do esquema está uma rede complexa e uma empresa chamada MedLead. Rins do Quênia são oferecidos abertamente na internet, em sites registrados na Alemanha. A MedLead promete “transplante de rim em apenas quatro a seis semanas”, algo legalmente quase impossível na maioria dos países. Visitantes são direcionados para um chat de WhatsApp que leva a contatos como “Alexander”, sem sobrenome ou localização clara.
O contrato que Fischer-Kugler assinou com a MedLead indicava um endereço em Varsóvia, Polônia, mas investigações revelaram que o local é uma construção ou um prédio onde ninguém ouviu falar da empresa. Em contraste, nas redes sociais como YouTube e Facebook, a MedLead publica depoimentos de pacientes alemães que descrevem sua “história de sucesso” em escapar da “prisão da diálise” no Quênia, sem mencionar pagamentos ou a origem dos órgãos.
A investigação identificou o chefe da MedLead como Robert Shpolansky, um israelense com histórico problemático. Uma acusação de 2016 em Tel Aviv o descreve como cúmplice de Boris Wolfman, suposto “padrinho” de uma máfia de transplantes que operou em países como Sri Lanka, Filipinas, Tailândia e Turquia, realizando “um grande número de transplantes ilegais de rim” por somas entre US$ 140.000 e US$ 180.000. Promotores alegaram que Shpolansky e Wolfman usaram uma empresa na Albânia para processar pagamentos e lavar dinheiro, possivelmente ligado ao tráfico de cocaína. Embora Shpolansky negue ligações com Wolfman e afirme que a MedLead opera legalmente e com doadores “100% altruístas”, as evidências coletadas sugerem o contrário.
Doadores Explorados: A História de Amon
A mon Kipruto Mely, de 22 anos, queniano, é uma das muitas vítimas exploradas pela rede. Vivendo na pobreza pós-pandemia em uma vila no oeste do Quênia, lutando por renda estável, ele foi abordado por um conhecido que lhe ofereceu uma “grande oportunidade”: vender um rim por 6.000 euros (ou US$ 6.000). Inicialmente, Amon recusou, mas a persistência e a promessa de uma vida melhor o convenceram.
Ele foi levado por um intermediário ao Mediheal Hospital em Eldoret. Lá, ele afirma ter sido recebido por médicos indianos que lhe deram documentos em inglês, uma língua que ele não entendia. “Não me explicaram nada. Quem me levou apontou para as pessoas ao nosso redor e disse: Olhe, todos doaram, e estão até voltando a trabalhar”, relatou Amon.
Após a cirurgia, ele recebeu apenas 4.000 euros (ou US$ 4.000) em vez dos 6.000 prometidos. Ele usou o dinheiro para comprar um carro para trabalhar como táxi, mas o veículo quebrou e ele não teve dinheiro para consertá-lo. Pior ainda, a saúde de Amon deteriorou-se. Ele sente dores constantes, ficou tonto e fraco, chegando a desmaiar. Sua mãe, Leah Metto, ficou chocada ao saber que o filho havia vendido um rim: “Eles estão ganhando dinheiro através de crianças jovens como Amon”, disse ela.
Histórias como a de Amon são comuns no oeste do Quênia, especialmente na cidade de Oyugis, considerada um “hotspot” de doadores. Willis Okumu, pesquisador de crime organizado baseado em Nairóbi que trabalhou para uma plataforma investigativa patrocinada pela Interpol (projeto Enact), estima que mais de 100 jovens em Oyugis venderam rins, muitos agora sofrendo problemas de saúde, depressão e trauma psicológico. Alguns doadores, segundo Okumu, são recrutados pela Mediheal para encontrar novos doadores por uma comissão de US$ 400 por pessoa, criando uma cadeia de exploração.
Doadores estrangeiros, como o jovem do Azerbaijão que doou para Sabine Fischer-Kugler, também são trazidos. Um ex-funcionário de longa data da Mediheal, sob condição de anonimato, confirmou que os doadores eram frequentemente solicitados a assinar documentos em inglês, declarando falsamente parentesco com receptores que nunca conheceram e consentindo com a cirurgia sem serem totalmente informados sobre os riscos.
O Hospital, Conexões Políticas e Obstáculos na Investigação
O Mediheal Hospital, de propriedade do Dr. Swarup Ranjan Mishra, um médico ginecologista indiano que se tornou multimilionário no Quênia e posteriormente membro do parlamento, está no centro da investigação. O hospital realizou um número excepcionalmente alto de transplantes renais: 372 entre novembro de 2018 e 2023.
Um relatório de 2023 do Serviço de Transfusão e Transplante de Sangue do Quênia (KBTTS), agência do Ministério da Saúde, já apontava o Mediheal como suspeito de tráfico de órgãos. O relatório destacou violações procedimentais, como a falta de tradução de formulários de consentimento e o fato de doadores e receptores não serem relacionados biologicamente, contrariando protocolos éticos. O relatório concluiu que havia “atividade suspeita indicativa de tráfico”, mas “evidência insuficiente”, recomendando uma investigação policial mais aprofundada e uma inspeção de acompanhamento.
Apesar das recomendações do próprio governo e dos avisos de órgãos internacionais como a Transplant Society (que emitiu uma carta de alerta em meados de 2023) e o grupo de monitoramento da Declaração de Istambul (DICG), que considera o Quênia sua “maior preocupação”, pouca ação foi tomada inicialmente. Thomas Müller, chefe do DICG, aponta três fatores que facilitam o comércio ilegal no Quênia: clínicas bem equipadas, pobreza generalizada que torna a venda de órgãos atraente, e corrupção disseminada na política e agências estatais.
Um policial local em Eldoret, que investigou o tráfico de órgãos secretamente, relatou que sempre encontrou obstáculos, apesar de identificar vítimas, testemunhas e pistas sobre os perpetradores. Ele acredita que a rede tem “amigos poderosos no sistema”, incluindo no governo. Swarup Mishra, o proprietário da Mediheal, é considerado um aliado próximo do Presidente William Ruto, que o nomeou em novembro de 2024 (ou final de 2024) como presidente do Kenya BioVax Institute, uma posição influente que o coloca em contato com organizações globais como a OMS. Mishra se recusou a responder às perguntas detalhadas da investigação, e no passado já chamou as alegações de infundadas e politicamente motivadas.
O Dr. Jonathan Wala, chefe da Kenya Renal Association, também levantou o alarme junto às autoridades sobre os transplantes antiéticos e tratou vários pacientes com complicações pós-cirúrgicas graves, incluindo infecções severas e rins que falharam. Em maio de 2024, a Kenya Renal Association pediu a suspensão imediata da licença do Mediheal Hospital, citando violações éticas graves e o comércio ilegal de órgãos, que viola as resoluções da OMS. Samuel Olando, ativista de saúde queniano, acredita que a exploração continuará devido à falta de leis claras sobre doação de órgãos por pessoas vivas e à dificuldade em desmantelar a rede.
A Lei e Suas Lacunas
A Lei de Saúde do Quênia de 2017 proíbe qualquer forma de comércio de órgãos. Permite doações, mas apenas post-mortem para transplante, pesquisa ou educação, sem compensação financeira, e deve ser especificado em testamento. Tentar lucrar com a doação é crime punível com multa de até KSh10m (cerca de 65.000 euros), prisão de até 10 anos, ou ambos. No entanto, a lei não criminaliza explicitamente o doador que vende seu órgão por necessidade, criando uma “área cinzenta legal”, segundo Willis Okumu.
Na Alemanha, a lei também proíbe não apenas o tráfico, mas também o paciente que recebe um órgão comprado, com penas de um a cinco anos de prisão, embora possa haver exceções. Sabine Fischer-Kugler estava ciente do risco, mas foi “assegurada” pela MedLead de que pagava apenas à clínica e à agência, não diretamente ao doador. No entanto, clínicas na Alemanha se recusaram a fornecer acompanhamento médico a ela “por razões éticas”, já que o doador era um estranho, levantando suspeitas de tráfico.
Desdobramentos Recentes
Após a publicação da investigação pela mídia alemã, houve uma resposta do governo queniano:
- Atualização 1: O Ministro da Saúde do Quênia ordenou uma auditoria no Mediheal Hospital e em outras sete instalações de transplante no país. Maryline Limo, vice-presidente do Mediheal Group of Hospitals, negou as alegações à mídia queniana, afirmando que todos os transplantes são legais, que o hospital não busca doadores e que não há incentivo financeiro para eles.
- Atualização 2: Na quinta-feira após a divulgação da reportagem, o Ministro da Saúde, Aden Duale, anunciou a suspensão dos serviços de transplante de rim no Mediheal Hospital. Um novo comitê de investigação foi estabelecido para analisar todos os transplantes renais realizados no hospital nos últimos cinco anos.
- Atualização 3: Em 18 de abril [de 2025], o governo queniano divulgou um comunicado informando que o Presidente William Ruto “suspendeu com efeito imediato o Dr. Swarup Mishra como presidente do Kenya BioVax Institute”. A suspensão permanecerá em vigor “enquanto aguarda o resultado das investigações sobre sérias alegações de atividades antiéticas e ilegais envolvendo procedimentos de transplante de rim no Mediheal Hospital and Fertility Centre em Eldoret”.
Enquanto isso, Amon Kipruto Mely e outros como ele continuam lutando com a saúde debilitada e o arrependimento. “Se eu pudesse voltar no tempo, não teria aceitado a remoção do meu rim. Eu me odeio por isso”, lamentou Amon, que também afirma ter recebido ameaças desde que falou publicamente sobre sua experiência. A luta contra esta rede de exploração e a busca por justiça e regulamentação no Quênia continuam sendo um desafio significativo.
Scandal: How Germans Buy Organs from the Poor in Kenya
Journalistic collaboration exposes how extreme poverty in Kenya and Caucasus countries fuels an organ buying scheme for desperate Western patients, with high-level political connections.
A months-long collaborative investigation conducted by German media outlets DER SPIEGEL, ZDF, and Deutsche Welle has uncovered an international organ trafficking network that exploits people living in poverty in Kenya and Caucasus nations to provide kidneys to patients in Germany and Israel. Transactions take place primarily at Mediheal Hospital in Eldoret, Kenya, for amounts reaching hundreds of thousands of euros, while donors receive only a tiny fraction, often well below what was promised.
Desperation Leads Abroad
The story of Sabine Fischer-Kugler, a 57-year-old administrator from Bavaria, Germany, illustrates the plight of patients on waiting lists. After nearly 30 years, her first donated kidney began to fail in May 2022. With creatinine levels rising dramatically, she returned to dialysis three times a week, five hours per session. In a country where the waiting list for a transplant can take years and there are over 10,000 people awaiting a kidney, hopelessness led her to seek alternatives abroad.
“Why not look abroad? The main thing is I have a kidney again and don’t have to do dialysis anymore,” says Fischer-Kugler six weeks after her surgery on February 4th. Her new kidney, transplanted in Kenya, came from a young man from the Caucasus. She paid a six-figure sum, around 200,000 euros, to the intermediary agency. Asked about the portion the donor should receive, she said: “I would hope he got a quarter of what I paid,” becoming shocked upon learning that Kenyans generally receive only around 2,000 euros.
Other patients interviewed in the investigation, staying at the Eka Hotel Eldoret while waiting or recovering, also confirmed payment. A Russian woman said, “Nobody gives their kidney for free.” A 72-year-old Israeli on dialysis, who would have no chance of receiving a kidney in Israel due to his age, admitted that the situation is “a little bit suspicious,” but justified by desperation. He and others used the “story” that the donor was an “old cousin” who coincidentally happened to be in East Africa at the same time.
The Shadowy MedLead Network
Behind the scheme is a complex network and a company called MedLead. Kidneys from Kenya are openly offered online on websites registered in Germany. MedLead promises “kidney transplant within just four to six weeks,” something legally almost impossible in most countries. Visitors are directed to a WhatsApp chat that leads to contacts like “Alexander,” without a last name or clear location.
The contract Fischer-Kugler signed with MedLead indicated an address in Warsaw, Poland, but investigations revealed that the location is a construction site or a building where no one has heard of the company. In contrast, on social media like YouTube and Facebook, MedLead publishes testimonials from German patients describing their “success story” in escaping the “dialysis prison” in Kenya, without mentioning payments or the origin of the organs.
The investigation identified the head of MedLead as Robert Shpolansky, an Israeli with a problematic history. A 2016 indictment in Tel Aviv describes him as an accomplice of Boris Wolfman, the alleged “godfather” of a transplant mafia that operated in countries like Sri Lanka, the Philippines, Thailand, and Turkey, performing “a large number of illegal kidney transplants” for sums between US$ 140,000 and US$ 180,000. Prosecutors alleged that Shpolansky and Wolfman used a company in Albania to process payments and launder money, possibly linked to cocaine trafficking. Although Shpolansky denies ties to Wolfman and claims that MedLead operates legally with “100% altruistic” donors, the evidence collected suggests otherwise.
Exploited Donors: Amon’s Story
Amon Kipruto Mely, a 22-year-old Kenyan, is one of the many victims exploited by the network. Living in post-pandemic poverty in a village in western Kenya, struggling for stable income, he was approached by an acquaintance who offered him a “great opportunity”: selling a kidney for 6,000 euros (or US$ 6,000). Initially, Amon refused, but the persistence and the promise of a better life convinced him.
He was taken by an intermediary to Mediheal Hospital in Eldoret. There, he claims he was received by Indian doctors who gave him documents in English, a language he did not understand. “They didn’t explain anything to me. The one who took me pointed at people around us and said: Look, they all donated, and they are even going back to work,” Amon reported.
After the surgery, he received only 4,000 euros (or US$ 4,000) instead of the promised 6,000. He used the money to buy a car to work as a taxi, but the vehicle broke down, and he didn’t have the money to fix it. Even worse, Amon’s health deteriorated. He feels constant pain, became dizzy and weak, eventually fainting. His mother, Leah Metto, was shocked to learn her son had sold a kidney: “They are making money through young children like Amon,” she said.
Stories like Amon’s are common in western Kenya, especially in the town of Oyugis, considered a donor “hotspot.” Willis Okumu, a Nairobi-based organized crime researcher who worked for an investigative platform sponsored by Interpol (Enact project), estimates that over 100 young people in Oyugis have sold kidneys, many now suffering health problems, depression, and psychological trauma. Some donors, according to Okumu, are recruited by Mediheal to find new donors for a commission of US$ 400 per person, creating a chain of exploitation.
Foreign donors, like the young man from Azerbaijan who donated to Sabine Fischer-Kugler, are also brought in. A former long-time Mediheal employee, under condition of anonymity, confirmed that donors were frequently asked to sign documents in English, falsely stating kinship with recipients they never met and consenting to surgery without being fully informed about the risks.
The Hospital, Political Connections, and Obstacles in the Investigation
Mediheal Hospital, owned by Dr. Swarup Ranjan Mishra, an Indian gynecologist who became a multimillionaire in Kenya and later a Member of Parliament, is at the center of the investigation. The hospital performed an exceptionally high number of kidney transplants: 372 between November 2018 and 2023.
A 2023 report by the Kenya Blood Transfusion and Transplant Service (KBTTS), an agency of the Ministry of Health, had already pointed to Mediheal as suspected of organ trafficking. The report highlighted procedural violations, such as the lack of translation of consent forms and the fact that donors and recipients were not biologically related, contravening ethical protocols. The report concluded that there was “suspicious activity indicative of trafficking,” but “insufficient evidence,” recommending a more in-depth police investigation and a follow-up inspection.
Despite the government’s own recommendations and warnings from international bodies like the Transplant Society (which issued a warning letter in mid-2023) and the Declaration of Istanbul Custodian Group (DICG), which considers Kenya its “greatest concern,” little action was initially taken. Thomas Müller, head of the DICG, points to three factors facilitating the illegal trade in Kenya: well-equipped clinics, widespread poverty making the sale of organs attractive, and pervasive corruption in politics and state agencies.
A local police officer in Eldoret, who secretly investigated organ trafficking, reported that he always encountered obstacles, despite identifying victims, witnesses, and clues about the perpetrators. He believes the network has “powerful friends in the system,” including in the government. Swarup Mishra, the owner of Mediheal, is considered a close ally of President William Ruto, who appointed him in November 2024 (or late 2024) as chairman of the Kenya BioVax Institute, an influential position that puts him in contact with global organizations like the WHO. Mishra refused to answer the detailed questions from the investigation, and in the past has called the allegations unfounded and politically motivated.
Dr. Jonathan Wala, head of the Kenya Renal Association, also raised the alarm with authorities about the unethical transplants and treated several patients with severe post-surgical complications, including severe infections and kidneys that failed. In May 2024, the Kenya Renal Association requested the immediate suspension of Mediheal Hospital’s license, citing serious ethical violations and the illegal organ trade, which violates WHO resolutions. Samuel Olando, a Kenyan health activist, believes that the exploitation will continue due to the lack of clear laws regarding organ donation by living people and the difficulty in dismantling the network.
The Law and Its Gaps
Kenya’s Health Act of 2017 prohibits any form of organ trade. It allows donations, but only post-mortem for transplant, research, or education, without financial compensation, and must be specified in a will. Attempting to profit from donation is a criminal offense punishable by a fine of up to KSh10m (around 65,000 euros), imprisonment for up to 10 years, or both. However, the law does not explicitly criminalize the donor who sells their organ out of necessity, creating a “legal gray area,” according to Willis Okumu.
In Germany, the law also prohibits not only trafficking but also the patient who receives a purchased organ, with sentences ranging from one to five years in prison, although exceptions may apply. Sabine Fischer-Kugler was aware of the risk but was “assured” by MedLead that she was only paying the clinic and the agency, not directly the donor. However, clinics in Germany refused to provide her with medical follow-up “for ethical reasons,” as the donor was a stranger, raising suspicions of trafficking.
Recent Developments
Following the publication of the investigation by German media, there was a response from the Kenyan government:
Update 1: Kenya’s Health Minister ordered an audit of Mediheal Hospital and seven other transplant facilities in the country. Maryline Limo, vice president of Mediheal Group of Hospitals, denied the allegations to Kenyan media, stating that all transplants are legal, that the hospital does not source donors, and that there is no financial incentive for them.
Update 2: On the Thursday following the report’s release, Health Minister Aden Duale announced the suspension of kidney transplant services at Mediheal Hospital. A new investigation committee has been established to examine all kidney transplants performed at the hospital over the past five years.
Update 3: On April 18 [2025], the Kenyan government released a statement announcing that President William Ruto “suspended with immediate effect, Dr. Swarup Mishra as chairman of the Kenya BioVax Institute.” The suspension shall remain in force “pending the outcome of investigations into serious allegations of unethical and illegal activities involving kidney transplant procedures at Mediheal Hospital and Fertility Centre in Eldoret.”
Meanwhile, Amon Kipruto Mely and others like him continue struggling with debilitated health and regret. “If I could go back in time, I would not have accepted the removal of my kidney. I hate myself for it,” lamented Amon, who also claims to have received threats since speaking publicly about his experience. The fight against this network of exploitation and the quest for justice and regulation in Kenya remain a significant challenge.