Os papagaios são conhecidos por sua inteligência impressionante e capacidade de imitar sons, mas um novo estudo revelou algo ainda mais fascinante: esses pássaros podem se comunicar de maneira significativa por meio de videochamadas, demonstrando comportamentos sociais complexos que desafiam nossas expectativas sobre animais de estimação.
Pesquisadores das universidades de Glasgow, Northeastern e MIT conduziram uma pesquisa inovadora para explorar como os papagaios domésticos reagem ao uso da tecnologia moderna para interagir com outros pássaros. O experimento envolveu 18 papagaios e seus cuidadores humanos, que foram treinados para ajudar os animais a iniciar chamadas de vídeo usando tablets e smartphones. Os resultados não apenas surpreenderam os cientistas, mas também abriram novas possibilidades para o bem-estar desses animais altamente sociáveis.
O Experimento: Chamadas ao Toque de uma Campainha
No início do estudo, os papagaios foram treinados para associar o som de uma campainha à possibilidade de iniciar uma videochamada. Ao tocar na tela ou acionar a campainha, eles podiam se conectar com outros papagaios participantes do projeto. Durante seis meses, os pássaros tiveram acesso a duas modalidades de chamadas: sessões ao vivo com outros papagaios e vídeos pré-gravados de seus companheiros.
A diferença no engajamento foi clara. Os papagaios preferiram amplamente as chamadas ao vivo, passando um total de 561 minutos nessas interações, contra apenas 142 minutos assistindo aos vídeos pré-gravados. Além disso, os pássaros iniciaram quase o dobro de chamadas durante as sessões ao vivo, mostrando que eles percebem a “presença” dos outros pássaros na tela e valorizam a interação em tempo real.
Comportamentos Inesperados e Novas Habilidades
As videochamadas não apenas proporcionaram momentos de socialização, mas também levaram os papagaios a desenvolver novos comportamentos. Alguns aprenderam a forragear ou aperfeiçoaram suas técnicas de voo observando outros pássaros durante as chamadas. Um caso particularmente encantador foi o de dois papagaios, Ellie, uma cacatua, e Cookie, um papagaio-cinzento, que continuaram a se chamar quase um ano após o fim do experimento.
Os pesquisadores notaram que os papagaios exibiam uma variedade de comportamentos durante as chamadas: alguns cantavam juntos, outros brincavam pendurados de cabeça para baixo, e muitos demonstravam sinais claros de excitação, como balançar a cabeça e emitir gritos animados. Esses comportamentos refletem as interações que ocorreriam em um ambiente natural, onde os papagaios vivem em bandos e mantêm laços sociais intensos.
Combatendo a Solidão e o Tédio
A solidão é um problema sério para papagaios domésticos. Na natureza, esses animais vivem em grandes grupos e dependem de interações sociais constantes. Quando isolados em ambientes domésticos, muitos desenvolvem comportamentos destrutivos, como arrancar penas ou andar de um lado para o outro repetidamente. Segundo os pesquisadores, as videochamadas podem ser uma ferramenta valiosa para mitigar esses problemas, oferecendo aos pássaros uma forma de manter suas conexões sociais mesmo quando fisicamente separados de outros de sua espécie.
Curiosamente, os papagaios parecem ter uma compreensão intuitiva de quem estão chamando. Eles frequentemente escolhiam ligar para os mesmos indivíduos repetidamente, sugerindo a formação de amizades sólidas. Em alguns casos, até demonstraram impaciência quando o “amigo virtual” não respondia, chegando a tocar a campainha insistentemente para chamar a atenção do outro.
Limitações e Considerações
Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores enfatizam que as videochamadas não substituem completamente a interação física que os papagaios teriam na natureza. No entanto, elas podem ser uma solução viável para melhorar o bem-estar de aves já domesticadas, especialmente aquelas que não podem se encontrar pessoalmente devido a riscos de saúde, como a ganglionite aviária, uma doença contagiosa que afeta muitos papagaios.
Além disso, o estudo destaca a importância de monitorar as interações dos pássaros. Os cuidadores foram treinados para interromper as chamadas sempre que os pássaros demonstravam sinais de estresse, agressividade ou desconforto. Esse acompanhamento cuidadoso foi essencial para garantir que as experiências fossem positivas para todos os envolvidos.
Um Futuro Conectado para Animais?
Este estudo pioneiro abre caminho para o que os pesquisadores chamam de “internet centrada nos animais”, uma rede que permitiria que diferentes espécies interagissem entre si e com humanos usando tecnologia adaptada às suas necessidades. Embora ainda esteja em fase inicial, a ideia desperta curiosidade sobre como outras espécies poderiam se beneficiar de conexões digitais.
Para os papagaios, no entanto, já está claro que a tecnologia pode ser uma aliada poderosa. Mais do que simples entretenimento, as videochamadas se mostraram uma ferramenta que enriquece suas vidas, ajudando-os a superar a solidão e a explorar novas formas de comunicação. Quem sabe, no futuro, veremos mais “papagaios conectados” compartilhando histórias – ou piadas – com seus amigos virtuais.
Parrots Make Video Calls and Demonstrate Surprising Social Intelligence
Researchers discover that domesticated parrots can benefit from virtual interactions with other birds, learning new skills and combating loneliness.
Parrots are known for their impressive intelligence and ability to mimic sounds, but a new study has revealed something even more fascinating: these birds can communicate meaningfully through video calls, displaying complex social behaviors that challenge our expectations about pets.
Researchers from the universities of Glasgow, Northeastern, and MIT conducted an innovative study to explore how domesticated parrots react to using modern technology to interact with other birds. The experiment involved 18 parrots and their human caregivers, who were trained to help the animals initiate video calls using tablets and smartphones. The results not only surprised the scientists but also opened new possibilities for the well-being of these highly social animals.
The Experiment: Calls at the Ring of a Bell
At the start of the study, the parrots were trained to associate the sound of a bell with the ability to initiate a video call. By tapping the screen or ringing the bell, they could connect with other participating parrots in the project. Over six months, the birds had access to two types of calls: live sessions with other parrots and pre-recorded videos of their companions.
The difference in engagement was clear. The parrots overwhelmingly preferred live calls, spending a total of 561 minutes interacting during these sessions, compared to just 142 minutes watching pre-recorded videos. Additionally, the birds initiated nearly twice as many calls during live sessions, showing that they recognize the “presence” of other birds on the screen and value real-time interaction.
Unexpected Behaviors and New Skills
Video calls not only provided moments of socialization but also led the parrots to develop new behaviors. Some learned to forage or improved their flying techniques by observing other birds during the calls. One particularly charming case involved two parrots, Ellie, a cockatoo, and Cookie, a gray parrot, who continued calling each other nearly a year after the experiment ended.
Researchers noted that the parrots exhibited a variety of behaviors during the calls: some sang together, others played upside down, and many showed clear signs of excitement, such as head-bobbing and loud squawks. These behaviors reflect the interactions that would occur in a natural environment, where parrots live in flocks and maintain strong social bonds.
Combating Loneliness and Boredom
Loneliness is a serious issue for domesticated parrots. In the wild, these animals live in large groups and rely on constant social interactions. When isolated in home environments, many develop destructive behaviors, such as plucking out their feathers or pacing back and forth repeatedly. According to the researchers, video calls can be a valuable tool to mitigate these problems, offering the birds a way to maintain their social connections even when physically separated from others of their species.
Interestingly, the parrots seem to have an intuitive understanding of who they are calling. They often chose to call the same individuals repeatedly, suggesting the formation of solid friendships. In some cases, they even demonstrated impatience when their “virtual friend” didn’t answer, ringing the bell insistently to get the other’s attention.
Limitations and Considerations
While the results are promising, the researchers emphasize that video calls cannot completely replace the physical interactions parrots would have in the wild. However, they can be a viable solution to improve the well-being of already domesticated birds, especially those that cannot meet in person due to health risks, such as avian ganglioneuritis, a contagious disease affecting many parrots.
Additionally, the study highlights the importance of monitoring the birds’ interactions. Caregivers were trained to interrupt calls whenever the birds showed signs of stress, aggression, or discomfort. This careful supervision was essential to ensure that the experiences were positive for everyone involved.
A Connected Future for Animals?
This pioneering study paves the way for what researchers call an “animal-centered internet,” a network that would allow different species to interact with each other and with humans using technology adapted to their needs. While still in its early stages, the idea sparks curiosity about how other species might benefit from digital connections.
For parrots, however, it’s already clear that technology can be a powerful ally. More than just entertainment, video calls have proven to be a tool that enriches their lives, helping them overcome loneliness and explore new forms of communication. Who knows—perhaps in the future, we’ll see more “connected parrots” sharing stories—or jokes—with their virtual friends.